22 abr 2021
Março foi o mês de conscientização sobre o mieloma múltiplo – uma doença pouco falada, mas de muita importância.
Trata-se do segundo câncer de sangue mais comum (o primeiro é o linfoma) e atinge a medula óssea – tecido encontrado no interior dos ossos (o tutano), responsável por produzir as células sanguíneas.
Ocorre devido a uma proliferação anormal dos plasmócitos – células que produzem anticorpos que combatem infecções.
Os plasmócitos malignos (células do mieloma) acumulam-se progressivamente em vários locais do tutano, levando ao quadro do mieloma múltiplo.
A causa da doença é desconhecida, acomete com um pouco mais de frequência os homens e afeta principalmente os locais onde a medula óssea está mais ativa, como ossos da coluna vertebral, crânio, pélvis e caixa torácica. E conhecer o problema é importante porque muitas vezes, os sintomas do mieloma são confundidos com sinais do envelhecimento, como cansaço e dores nas costas.
Segundo a médica, isso ocorre também porque a doença acomete principalmente pessoas acima de 60 anos e é menos frequente abaixo dos 50.
É importante que o mieloma múltiplo seja diagnosticado o mais cedo possível. Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de reduzir as complicações decorrentes da doença. Pelo menos 80% dos pacientes têm comprometimento ósseo, 60% anemia e 20% alteração renal. Isso resulta nos sintomas de dores ósseas e fraturas espontâneas, além de palidez e fraqueza.
Diagnóstico
Por conta desses sintomas, o paciente costuma ir a vários especialistas, como ortopedista, geriatra, nefrologista e reumatologista. Portanto, é importante que esses médicos estejam atentos aos sinais e encaminhe para um hematologista.
Muitas vezes, a jornada é longa e o paciente chega ao hematologista já com a doença em fase avançada.
Além da avaliação clínica, o hematologista pedirá alguns exames essenciais – entre eles o mielograma. Aspira-se a medula óssea, onde será encontrado o aumento dos plasmócitos.
Como esses produzem anticorpos (imunoglobulinas), esse aumento poderá ser identificado por meio de outros exames; entre eles, o mais simples é a eletroforese de proteínas, que deve ser feita com amostra de sangue e de urina.
É necessária ainda a realização de exames para avaliar as complicações da doença, como hemograma para checar anemia, dosagem de cálcio, exame de creatinina para avaliar a função dos rins e exames de imagens dos ossos, como radiografias, ressonâncias e tomografias.
Tratamento
Com exames feitos e diagnósticos corretos, é hora de iniciar o tratamento. O mieloma múltiplo não tem cura, mas com os avanços da ciência, hoje existem importantes opções para tratá-lo, o que possibilita prover um aumento da sobrevida, com melhor qualidade de vida ao paciente.
A quimioterapia é o tratamento mais comum e existem hoje vários medicamentos potentes para destruir, controlar ou inibir o crescimento das células do mieloma.
O transplante de medula óssea é uma opção de tratamento para pacientes com mieloma múltiplo, geralmente recomendado para pacientes abaixo dos 70 anos sem comorbidades.
É bom reforçar que, com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, o paciente tem um aumento da sobrevida com qualidade.
A evolução do tratamento nas últimas duas décadas foi veloz, o que acarretou em um aumento na sobrevivência dos pacientes.
Clínica São Germano
A Clínica São Germano tem como uma de suas especialidades o tratamento do mieloma múltiplo. Além disso, desde a implantação do Centro de Pesquisas em 2016, a Clínica oferece vários estudos clínicos para pacientes portadores da doença, tendo a Dra. Vania Hungria como investigadora principal.
Por Dra. Vania Hungria (CRM-SP 43665)
Médica Onco-hematologista da Clínica São Germano.
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